sexta-feira, 18 de março de 2011

Antero de Quental, um açoriano poeta

Antero de Quental nasceu em Ponta Delgada, em 18 de Abril de 1842, e morreu em Setembro de 1891.

A sua família era uma das mais antigas dos colonizadores micaelenses, em luta contra a Inquisição e o Absolutismo.

Acabada a instrução primária, entrou no colégio de São Bento, em Coimbra, e depois na universidade, na área de Direito, em Setembro de 1859, tendo terminado o curso em 1864.

Após a morte de seu pai, em 1873, é alvo de uma doença nunca totalmente diagnosticada.

Em 1880, adoptou as duas filhas de um seu amigo, falecido em 1877.

Em 1881, por conselho do médico, passou a viver em Vila do Conde, onde se manteve até 1891.

Em 1890, é chamado para encabeçar um movimento patriótico que opôs Portugal à Inglaterra em relação à partilha de África.

Deparado com vários problemas, para os quais não consegue resposta, acaba por se suicidar, em Ponta Delgada, em Junho de 1891.

Algumas das suas publicações:

- Primaveras românticas (obra poética, 1871);

- Sonetos (obra poética, 1886);

- Arte e Verdade – Caracteres Positivos da Arte (artigo, 1885);

- O Sentimento de Imortalidade (artigo, 1868).


De seguida, apresentamos dois dos poemas de Antero Quental.



A UM POETA

Tu que dormes, espírito sereno,

Posto à sombra dos cedros seculares,

Como um levita à sombra dos altares,

Longe da luta e do fragor terreno.



Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno

Afugentou as larvas tumulares...

Para surgir do seio desses mares

Um mundo novo espera só um aceno...



Escuta! É a grande voz das multidões!

São teus irmãos, que se erguem! São canções...

Mas de guerra... e são vozes de rebate!



Ergue-te, pois, soldado do Futuro,

E dos raios de luz do sonho puro,

Sonhador, faze espada de combate!



Este poema é dirigido a um poeta e refere a capacidade ou o poder que a poesia tem na intervenção social.



ANIMA MEA

Estava a Morte ali, em pé, diante,

Sim, diante de mim, como serpente

Que dormisse na estrada e de repente

Se erguesse sob os pés do caminhante.



Era de ver a fúnebre bachante!

Que torvo olhar! que gesto de demente!

E eu disse-lhe: «Que buscas, impudente,

Loba faminta, pelo mundo errante?»



— Não temas, respondeu (e uma ironia

Sinistramente estranha, atroz e calma,

Lhe torceu cruelmente a boca fria).



Eu não busco o teu corpo... Era um troféu

Glorioso de mais... Busco a tua alma —

Respondi-lhe: «A minha alma já morreu!»



Neste poema o sujeito poético dá a entender que, por vezes, a pessoa está viva, mas por dentro a alma está morta.

Trabalho efectuado por Alexandre Gomes e Sara Gomes

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